PAPO DE ADEGA
por Flávia Medeiros*
Flávia Medeiros
Dizem
que entender uma mulher não é muito fácil.
Eu
discordo! Somos tão previsíveis...rs
Pois
é, mas se você consegue entender e amar a tão afamada Região de Borgonha, seus
mistérios e sua versatilidade de expressão, parabéns, você tem um lado feminino
bem lapidado.
Mas
sempre resta alguma coisa que não se consegue capturar. É talvez exatamente
isso que esteja toda a graça do vinho
dessa região. Como uma mulher, os vinhos da Borgonha são incrivelmente simples
(apenas duas uvas são consideradas principais, a Chardonnay e a Pinot Noir) e
muito complicados (como apenas duas uvas podem gerar vinhos com tamanhas
diferenças?).
A
explicação é o Terroir (solo, clima ou seja, a geografia). Em nenhum outro
lugar ele se
manifesta de maneira tão óbvia como na Borgonha. Dependendo do
lugar onde a uva nasce, cresce , poderá adquirir determinada personalidade, que
será diferente da sua vizinha de fileira. Os
vinhos da Borgonha precisam ser admirados e amados. Precisam de dedicação para
ser experimentados da forma correta, não são “fraquinhos” como popularmente são
taxados, tem personalidade. Eles,
assim como as mulheres, não se deixam entender logo de cara, precisam de
degustadores sensíveis, capazes de compreender a delicadeza que não é sinônimo
de fraqueza e só se mostram em todo o seu esplendor àqueles que querem de fato
saber seu valor.
Resumidamente,
você pode entender Borgonha assim:
-
O Borgonha branco é feito principalmente de Chardonnay e o tinto, de Pinot
Noir. Embora outras uvas sejam plantadas na região, pouco são consideradas.
-
Beaujolais é considerada uma subregião da Borgonha. Embora sua principal uva
seja a Gamay e seus vinhos sejam completamente diferentes, muitos autores
tratam Beaujolais como uma região à parte.
-Ao
contrário da maior parte da França, os vinhos são feitos de apenas uma uva.
Falar
tudo sobre Borgonha demanda não só nossa coluna, mais sim o jornal inteiro, eu
particularmente adoro os mistérios e as surpresas que cada taça desses vinhos
revelam. Mas, comparando seus vinhos com as mulheres, o fato é: mesmo tendo
várias faces, aromas e posturas, são imprevisíveis, misteriosos, encantadores,
e fazem toda diferença quando bem trabalhados. Quem não conhece uma mulher
assim? Então meninas, o mês de março é
todo nosso, e merece um bom Borgonha.
Parabéns
a todas nós mulheres!
(*) Consultora em vinhos e com especialização
na área. No Brasil é uma das poucas profissionais que conta com a certificação
Wine & Spirit Education Trust – Level 2. Contato:
chateaumedeiros@hotmail.com