por Flávia Medeiros*
Antes de qualquer coisa, veja
a nacionalidade do vinho. Para aqueles que estão entrando agora nesse universo,
o mais fácil é, primeiramente, familiarizar-se com os rótulos dos vinhos do
chamado Novo Mundo (países como Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Austrália,
Estados Unidos e África do Sul, por exemplo).
A primeira coisa a ser notada
é o nome do vinho, que estará no alto do rótulo, geralmente em destaque. Ele pode
indicar, além de um nome de batismo, a região ou até o ano da safra.
A próxima coisa a ser vista é
a uva. Nos rótulos de vinhos do Novo Mundo, haverá o nome da uva especificado.
Os vinhos que não trouxerem o nome da uva são cortados (feitos com a mistura de
uvas), ou são tão tradicionais que consideram desnecessário dizer a casta. Essa
última situação acontece apenas com os vinhos dos países do Velho Mundo, então,
por enquanto, não vamos nos preocupar com eles.
Para começar, basta saber que
um vinho do Novo Mundo terá o nome da uva, no caso de não ser cortado.
Próxima coisa a se analisar: a
safra - o ano que estará impresso no rótulo. Muita gente acredita que quanto
mais velho for o vinho, melhor ele será. Errado! A safra apenas indica o ano em
que as uvas foram colhidas. Em alguns vinhos, o ano da safra nem sempre é o
mesmo ano do engarrafamento. Os vinhos do Novo Mundo, no geral, devem ser
consumidos entre dois ou três anos de safra, com exceção de vinhos especiais
que foram envelhecidos. Nesse caso, você deve saber qual vinho envelhecido quer
comprar, tanto do Novo quanto do Velho mundo, e já saber o nome de alguns. O
mesmo vale para vinhos que podem ser guardados por mais anos, na sua casa.
Importante entender que, se o vinho não trouxer um ano certo de safra, pode ser
que ele tenha sido produzido com várias safras diferentes.
Agora que você já entendeu os
rótulos do Novo Mundo, vamos para o Velho. Os rótulos europeus são mais
complicados. Primeiro, porque não dizem qual é a uva usada para fazer o vinho,
apenas o local onde ele foi produzido. Isso porque quem fez o rótulo pressupõe
que você já saiba que um vinho feito em Toscana - Chianti terá pelo menos 80%
de Sangiovese. Isso acontece pela valorização cultural do terreno, na Europa.
Para o Velho Mundo, uva e
região se complementam, fazem parte de um mesmo conceito, o que torna sem
sentido enumerar as uvas que compõem determinado vinho. Por isso, os
vinhos do Velho Mundo exigem um pouco de estudo prévio, para que você
identifique a uva característica de cada região européia, assim como os locais
de mais prestígio.
Além do nome da região, o
rótulo terá: o produtor, o volume da garrafa, o país e a graduação alcoólica.
A graduação alcoólica e o
volume são informações obrigatórias nas garrafas de vinho. Mas algumas coisas
podem mudar, de garrafa para garrafa do Velho Mundo. Devido à diversidade
de tradições, cada região costuma privilegiar detalhes distintos nos
rótulos de seus vinhos, destacando elementos diferentes. Se você
sentir falta de algumas informações, não hesite em olhar para o contra rótulo:
o que fica atrás da garrafa, com dados mais específicos.
Espero que a garrafa
fique menos indecifrável. Mas é
importante frisar que, assim como um livro não pode ser comprado pela capa, um
vinho não pode ser comprado pelo rótulo.
Boa degustação!
(*) Flávia Medeiros
Consultora em vinhos e com
especialização na área. No Brasil é uma das poucas profissionais que conta com
a certificação Wine & Spirit Education Trust – Level 2